sábado, 19 de junho de 2010

A PLATAFORMA DO TREM

A PLATAFORMA DO TREM
(Edolesia Fontoura Andreazza)

Doses maciças
De realidade na veia

È o povo
É o pó

Quem quer?
O toque
O grito
O gemido
O cheiro
O medo
A desconfiança no olhar?

Quem tem?
A grana?
A força?
O poder?...
Me dê!

Olhos famintos
De vida
De esperança
De tudo...

Não sei!
Não vi!
Não sou daqui!

Passeio entre a plebe.
Me olham descrentes...

O que eu tenho
Que você não tem?!

E eu me pergunto:
Já fui assim ?
Algum dia
Já fui vazia
Já fui ninguém?!

E o trem parte
Levando o povo pra longe

Quem é essa multidão?
O que são?
Sigo meu caminho
Sem olhar pra trás

Quero acreditar
Que apenas sonhei

Mas lembro os olhos
(Sem foco)
E os corpos
Sem destino
Sem direção
Sem dono
Sem função
A se arrastar
Pela plataforma

Um dia
Algum trem
Levou a multidão
Para o aquém

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