A PLATAFORMA DO TREM
(Edolesia Fontoura Andreazza)
Doses maciças
De realidade na veia
È o povo
É o pó
Quem quer?
O toque
O grito
O gemido
O cheiro
O medo
A desconfiança no olhar?
Quem tem?
A grana?
A força?
O poder?...
Me dê!
Olhos famintos
De vida
De esperança
De tudo...
Não sei!
Não vi!
Não sou daqui!
Passeio entre a plebe.
Me olham descrentes...
O que eu tenho
Que você não tem?!
E eu me pergunto:
Já fui assim ?
Algum dia
Já fui vazia
Já fui ninguém?!
E o trem parte
Levando o povo pra longe
Quem é essa multidão?
O que são?
Sigo meu caminho
Sem olhar pra trás
Quero acreditar
Que apenas sonhei
Mas lembro os olhos
(Sem foco)
E os corpos
Sem destino
Sem direção
Sem dono
Sem função
A se arrastar
Pela plataforma
Um dia
Algum trem
Levou a multidão
Para o aquém
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