SEMENTE GAÚCHA
(Edolesia Andreazza)
Minha poesia não vem da mente...
O meu ritmo é semente
Que brota por esse chão
Penetrando pelos pés
Viaja pelo meu sangue
De farrapos e kaingangs
E dança na minha língua
E se as vezes ela não rima
É porque quase sempre aqui em cima
Há motivos pra discordar
Do que vejo
Do que ouço
De prisões e calabouços
Que querem me censurar
A força entrou no meu sangue
E não há peleia que estanque
Nem há prudência que acalme
Sei que não vim a passeio
Mas não me servem arreios
E nem me deixo montar
Ainda antes de ser mulher
Aprendi a ser gaucha
E a tradição puxa
Mais que a globalização
Porque minha primeira lição
Era de honra e coragem
As antigas gerações
De índias e castelhanas
Que corriam pelos pampas
Ainda rezam por mim
Em noites de lua cheia
Ainda ouço as cantigas
E não haverá quem me diga
Pra fingir não escutar
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